domingo, 4 de outubro de 2015

TÊNIS SOCIAL PELO AMOR AO ESPORTE

Uma experiência pioneira no Ceará, que O POVO conferiu de perto: a implementação do Programa Jogue Tênis nas Escolas em vigor na escola pública Raimundo Gomes de Carvalho, no bairro Dom Lustosa, em Fortaleza. Se o esporte tem a fama de inacessível ou impopular, o programa, desenvolvido pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT), quer mudar essa concepção.

 Implementado em março por iniciativa do professor de educação física, Emerson Lucas, a escola promove duas vezes na semana, em dois horários diários, aulas de iniciação ao esporte aos alunos da periferia da cidade que estudam na instituição. Ao todo, cerca de 40 crianças entre oito e doze anos de idade experimentam pela primeira vez a prática do tênis de forma totalmente gratuita.
  
Com a chancela da CBT, Emerson buscou a iniciativa privada para colocar o programa em prática no Ceará. Com a ausência de incentivo do poder público, empresas parceiras disponibilizaram o material necessário para a prática esportiva: rede, bolas, raquete, equipamentos complementares e fardamento. “Não é caro. Compra uma vez e o material tem boa durabilidade e vai ser utilizado por muitos alunos por muito tempo. Falta é vontade do poder público”, diz o professor.
  
O piloto do programa foi posto em prática pela Confederação inicialmente em 2008 em municípios de São Paulo. Hoje, após algumas reformulações, o projeto chegou a um modelo padrão que pretende se instalar no restante do País, em escolas públicas e particulares. A difusão do Programa em diferentes Estados vai depender, por enquanto, de iniciativas pontuais como a de Emerson. De acordo com o Airton Santos, coordenador nacional do programa na CBT, o Jogue Tênis nas Escolas poderá alcançar cerca de 6 mil crianças daqui a alguns anos.
  
Ele afirma que a Confederação tem feito um trabalho intenso na formação pedagógica de professores para abraçar o projeto em seus municípios. “Há talentos no Brasil que precisam ser buscados. Nós criamos mecanismos para identificar esses talentos, que são as crianças acima da curva”, afirma. Airton diz que o principal intuito é a formação do aluno e que a prática profissional futura é uma consequência do trabalho desenvolvido.


EDUCAÇÃO PELO ESPORTE

De acordo com Emerson, o objetivo é ter o projeto como meio educador no sentido de promover a cidadania a quem pouco tem. Falta de estrutura familiar a crianças que participam do programa é um desafio a mais para a manutenção das aulas. Diante das dificuldades, alguns faltam às práticas, mas não desistem do projeto.

 Qualificado pela CBT para ministrar as aulas e identificar talentos, o professor já viu na aluna Raíssa de Castro, de 10 anos, um possível talento. Interessada e com o sonho de ser jogadora profissional, ela é uma das primeiras alunas do grupo a iniciar uma preparação para disputar pequenos torneios em Fortaleza. “Quero disputar e ganhar”, diz. É que crianças que demonstram um interesse maior pelo tênis, e tenham boas aptidões, terão a chance de serem lapidadas na chamada célula receptora, um local mais apropriado para o desenvolvimento do esporte à medida em que elas forem evoluindo.
  
Igor Santos, de 11 anos, é um dos alunos do projeto. O interesse no esporte veio por influência do tio que praticou há alguns anos. Ele lamenta não poder acompanhar os jogos na televisão por não ser assinante de canais fechados. Mas diz que gosta das aulas do projeto e que as notas melhoraram depois que começou a praticar o esporte.


O POVO

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