quinta-feira, 9 de novembro de 2017

QUADRILHA PRESA NO CEARÁ TEVE ACESSO ANTECIPADO ÀS PROVAS DO ENEM 2016, DIZ PF



A quadrilha presa no Ceará nesta quarta-feira (8) teve acesso antecipados às provas do Enem 2016, segundo informou a equipe da Polícia Federal em Juazeiro do Norte responsável pela investigação do caso. Conforme a policial Hyolanda Leite, houve participação de fiscais do Enem no esquema criminoso, que envolve rompimento de lacres dos envelopes que contêm as provas.

"Houve realmente violação do lacre de provas, isso no Enem 2016 e em outros concursos. Também houve uso de candidatos pilotos, seria o modus operandi da quadrilha. Eles tiveram [acesso às provas] pelo rompimento de lacre, através, claro, de alguns fiscais", afirma Hyolanda Leite. Os fiscais suspeitos de participação no crime no ano passado estão afastado do exame neste ano.

Nesta quarta-feira, quatro pessoas foram presas suspeitas de integrarem uma quadrilha envolvida em fraudes em concursos públicos e no Enem. Conforme a Polícia Federal, até o momento, não há indícios de fraudes ocorridas no Enem 2017.

Ainda conforme a Polícia Federal, além dos quatro presos, há mais de 20 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema, mas não há provas suficientes para pedir a prisão deles. "Fizemos as prisões de hoje para prevenir qualquer fraude ao Enem em andamento", diz Welington Santiago da Silva, delegado regional de Combate e Investigação ao Crime Organizado da PF.

"O trabalho não está encerrado, nós coletamos vários computadores que passarão pelo crivo da nossa perícia, passarão pelo crivo da equipe de avaliação e a partir dessa perícia, profundo trabalho dessa mídia é que nós vamos saber que são os participantes envolvidos", afirma Welington.

O Inep afirmou que não iria comentar a ação da Polícia Federal que prendeu a quadrilha e teve acesso às provas do Enem. O caso não também afeta o Enem 2017, que tem o segundo dia de provas neste domingo (12). "O Inep reitera que foram adotadas todas as medidas para uma aplicação segura, que garanta isonomia entre os participantes e tranquilidade para realização das provas", diz o instituto, em nota.

Núcleos de atuação

Além do Ceará, a investigação ocorre no Piauí e na Paraíba, com atuação mais forte na região Cariri, no Sul do Ceará. "Tem três núcleos mais fortes: Fortaleza, Barbalha e Lavras da Mangabeira. Os chefes da organização provavelmente são de Fortaleza, mas os demais também têm uma atuação bastante forte e importante na organização criminosa", diz a delegada

"As prisões ocorridas nesta quarta são resultados do aprofundamento de uma investigação realizada em 2016, uma vez que a partir da prisão em flagrante dos candidatos e nós conseguimos obter mais informações e chegar aos patamares superiores dessa organização criminosa", acrescentou Welington Santigo.

O policial afirma ainda que "boa parte da associação são velhos conhecidos da Polícia Federal, inclusive já foram presos em outras ocasiões". "Alguns deles já são criminosos contumazes desse tipo de prática."

Outro modo de atuação da quadrilha, segundo a Polícia Federal, é o uso de "candidato piloto", em que um inscrito no concurso conclui a prova o mais cedo possível e repassa as respostas a outros candidatos por meio de ponto eletrônico.

R$ 90 mil por candidato

A quadrilha cobrava até R$ 90 mil aos candidatos do concurso, que procuravam principalmente o curso de medicina. Eles vão responder por lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude a processos seletivos e concursos públicos.

Segundo o policial federal Cláudio Luz, o esquema de acesso antecipado às provas foram descobertas por meio de interceptação telefônica.

Cinco mandados de busca e apreensão, dois mandados de prisão preventiva e um mandado de condução coercitiva foram cumpridos em Fortaleza. A operação também ocorre nos estados do Piauí e na Paraíba.

"A perspectiva de atuação da quadrilha é em vários estados do Nordeste. Entretanto só com o aprofundamento da investigação é que nós vamos de fato definir com maior precisão qual é o nível de abrangência do território nacional", conclui Welington.



Por André Teixeira e Verônica Prado, G1 CE

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