quinta-feira, 13 de julho de 2017

POLÍTICA: OS EFEITOS POLÍTICOS DA CONDENAÇÃO DO EX-PRESIDENTE LULA

A condenação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo juiz Sergio Moro transformou o líder nas pesquisas em maior incerteza para a eleição de 2018. Se a decisão for confirmada no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o ex-presidente não poderá ser candidato. Apesar da dúvida, o partido do hoje favorito assegura não trabalhar com alternativa. “Não tem plano B”, diz o deputado José Guimarães (PT), líder da Minoria.

Deputados e senadores de PT e PCdoB se reúnem hoje com o ex-presidente, em São Paulo, para prestar solidariedade e lançar o mote da resposta à condenação: “Eleição sem Lula em 2018 é golpe”.

Nesse movediço cenário, a única certeza decorrente da sentença a nove anos e seis meses de prisão é mais radicalização. Críticos ganham argumento dado pela Justiça e simpatizantes se mobilizam.

A decisão de Moro favorece eleitoralmente todos que concorrerem contra ele. Na hipótese de não concorrer, seus votos se pulverizam. Se disputar, irá fragilizado.
Porém, há efeitos colaterais. PMDB e PSDB também estão na mira da Lava Jato e têm a ameaça da pressão pela condenação de políticos de outros partidos, para que a Lava Jato não fique com a pecha de partidarismo e de que só atingiu um dos lados. Nas principais forças governistas, o prefeito paulistano João Doria é a única alternativa colocada sem menção na Lava Jato.

De todos os pré-candidatos, Ciro Gomes (PDT) é o mais próximo ao PT e, teoricamente, o mais provável beneficiário direto. Outra que poderia se favorecer seria Marina Silva (Rede), pelo histórico e a relativa proximidade de ideias.

“A Rede é uma bancada de esquerda com uma liderança de centro, liberal-progressista. É para onde a Marina tem caminhado”, considera o publicitário Ricardo Alcântara, membro do diretório da Rede no Ceará. “Mas, será que o eleitor pensa assim?”, relativiza sobre transferência de voto por afinidade ideológica.

De modo que a condenação de Lula beneficia até Jair Bolsonaro (PSC), que disputa com Marina o segundo lugar nas pesquisas. “Pela primeira vez, o eleitor nitidamente de direita terá realmente um candidato”, aponta Alcântara.

Se até a eleição não houver decisão em segunda instância, Lula poderá concorrer. Porém, enfrentará uma campanha sub judice. “Verá se cristalizar mais a rejeição a ele, que já é muito alta”, ressalta o publicitário. O ex-presidente ainda é réu em mais quatro processos.

Para Guimarães, o cenário adverso terá de ser revertido a favor. “Fazemos do limão uma limonada. Condenação injusta vira bordão eleitoral.”


O POVO - ÉRICO FIRMO

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