quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

CRISE HÍDRICA: DESSALINIZAÇÃO E REÚSO NÃO ESTÃO DESCARTADOS

O Açude Orós ainda garante o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) (Foto: Honório Barbosa/Diário do Nordeste)
Afora as operações de caminhões-pipa, perfuração de poços e expansão do programa de cisternas, o Nordeste deverá investir nos programas de dessalinização das águas do mar e de reúso. Essas medidas foram debatidas, ontem, durante a abertura do Seminário de Avaliação da Seca de 2010-2016 no Semiárido Brasileiro.

O evento tem como propósito avaliar as ações empreendidas no enfrentamento da seca, que se estende pelo quinto ano consecutivo, por meio das instâncias federal e estadual, bem como trocar informações sobre políticas adotadas em países em que o fenômeno também causa preocupações e prejuízos às suas populações. O seminário reúne representantes dos nove Estados do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo, governo federal e de instituições internacionais.

O Centro Administrativo do Banco do Nordeste, no Passaré, foi o local escolhido para o evento, que é uma realização do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social supervisionada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Tem o apoio do Banco Mundial (Bird), Banco do Nordeste (BNB), Agência Nacional das Águas (ANA), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Ministério da Integração Nacional (MI).

Apoio do Exército

Na abertura, o comandante militar do Nordeste, general Artur Costa Moura, destacou a parceria com os governos federal e estadual, não apenas para os carros-pipa no atendimento às comunidades rurais, como na ação efetiva nas obras de engenharia da transposição do Rio São Francisco. O general disse não acreditar na interrupção do serviço dos carros-pipa, principalmente considerando que há uma distribuição para 3,6 milhões de pessoas, de 847 municípios da área do Semiárido, mais de 6 mil veículos contratados.

Enquanto isso, o diretor do Bird para o Brasil, Martin Raiser, enfatizou a importância do monitoramento na adoção de medidas. "É claro que se precisa de investimentos", ressaltou. Ao comentar que a dessalinização do mar e o reúso da água como ações que não devem ser mais adiadas, afirmou que essas são algumas das medidas que outros países e regiões secas têm utilizado. "Eu acho que devemos falar de um conjunto de medidas integradas numa planificação, que devem ser monitoradas e estamos aqui para falar de instituições e políticas que podem dar sustento a essas ações".

O seminário, que foi aberto pelo titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Francisco Teixeira, também foi oportunidade para destacar, por parte da Funceme, a incerteza de uma boa quadra chuvosa para 2017. Com isso, Teixeira informou que, não obstante os investimentos anunciados pelo governo Federal, da ordem de R$ 40 milhões e todo o conjunto de ações adotadas para que não falte água para as necessidades básicas do cearense, o fornecimento regular está na dependência das chuvas do próximo ano.

Teixeira disse que a ausência de chuvas não poderá ser compensada pelas águas da transposição do Rio São Francisco que não chegarão a tempo. Daí dizer da necessidade da adoção de um conjunto de medidas que considere a dessalinização das águas do mar e do reúso.

Longo prazo

O presidente da Funceme, Eduardo Sávio, alertou que "um olhar de longo prazo, demonstra a capacidade do Estado em fazer com que a seca também possa contar com um suporte de informação para investidores nos setores agropecuários e energéticos, sobretudo. "A Funceme dá margem de segurança para o investidor", ressaltou.

Segundo Antônio Rocha Magalhães, assessor técnico do CGEE, o seminário serve como um registro do mais prolongado período de seca, pois, dos sete anos entre 2010 a 2016, seis foram de estiagem no Semiárido. A exceção foi 2011: "Tentaremos evitar o que aconteceu no passado, quando as ações eram somente de reação à Seca".

FIQUE POR DENTRO

Objetivo de documentar a seca atual

O Seminário tem objetivo de documentar aspectos climáticos, impactos, respostas e lições para subsidiar futuras estratégias de adaptação aos impactos das secas no contexto de mudanças climáticas e crescente pressão antrópica e contribuir para o aperfeiçoamento da Política Nacional sobre Secas.

Durante a abertura do Seminário, o CGEE lançou, em parceria com o Banco Mundial, o livro "Secas no Brasil - Política e Gestão Proativas", que traz uma documentação de dados, análises e imagens da atual estiagem no Semiárido. Também será lançada uma versão em inglês, publicada nos Estados Unidos.

Faz parte da programação do evento uma Exposição de Fotografias sobre a Seca no Nordeste, com imagens feitas pelos fotógrafos Dorte Verner (Banco Mundial), Juliana Lima de Oliveira (Funceme), Leandro Castro (Funceme), Bruno Zaranza (Funceme) e Giullian Nicola Lima dos Reis (Funceme). As fotos são registros de viagens de campo ao Sertão do Ceará, nos anos de 2015 e 2016, e de missões recentes do Banco Mundial no Semiárido brasileiro.


Fonte: Diário do Nordeste

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