segunda-feira, 8 de agosto de 2016

JULHO TEVE MAIOR NÚMERO DE MORTES POR INTERVENÇÃO POLICIAL DESDE 2013

As forças de segurança do Ceará nunca praticaram tantas mortes por intervenção policial como no último mês de julho. Em apenas 31 dias, 15 casos foram registrados no Estado. O número é o maior desde 2013, quando os dados do tipo passaram a ser divulgados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

Numa comparação com o mesmo período de 2015, quando houve sete ocorrências, o crescimento nas intervenções foi de 114%. Por não serem consideradas intencionais, essas mortes não entram para as estatísticas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), que incluem homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte e latrocínio, o roubo seguido de morte.

Os homicídios por intervenção também apresentam uma evolução ascendente se comparados os registros anuais. Entre 2013 e 2015, as mortes saltaram de 41 para 86 casos. De janeiro a julho deste ano, com relação a 2015, os números subiram de 43 para 54, uma alta de 26%.

Dentre as ocorrências está o caso de Israel da Silva Lourenço, 23, morto após um confronto com a Polícia Militar, que impediu a realização de um “baile de favela”, no Pirambu, no dia 31. Conhecido como Papai Zoião, ele respondia por roubo e homicídio e teria atirado contra uma viatura e trocado tiros com PMS.

Motivação

Na avaliação do secretário-adjunto da SSPDS, coronel Lauro Prado, os ataques a policiais militares e civis, também ocorridos em julho, tornaram os enfrentamentos mais constantes e teriam motivado “reações mais rápidas dos agentes”. Dos 26 atentados efetuados, 10 miraram diretamente delegacias, viaturas e os próprios policiais. Três militares ficaram feridos.

“O policial fica mais suscetível a reagir de maneira mais rápida, até porque está sob pressão. E em situações em em que teria mais paciência para resolver, acaba reagindo de maneira mais rápida. Com o iminente perigo, pela ameaça que se apresenta, o tempo de resposta dele diminui”, diz.

O coronel acredita que os chamados “salve” (mensagens enviadas por criminosos a comparsas de facção), que teriam partido de dentro dos presídios do Estado, estimularam ataques mais audaciosas, bem como o aumento das abordagens por policiais. “Eles investiram no enfrentamento”, afirma, destacando que o poder de fogo dos criminosos está cada vez maior, o que também pode ter motivado a elevação anual dos casos.

Prado destacou que ocorrências de intervenção são acompanhadas pela cúpula da SSPDS e passam por investigação preliminar na Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) para coibir excessos. “A arma do policial é defesa. Não deve ser usada para atacar”, orienta.

Fonte: O Povo

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