Alguns dos traficantes de drogas e armas, denunciados pelo
Ministério Público Federal na Operação Cardume, teriam lavado dinheiro sujo do
crime investindo até na construção de casas do programa federal Minha Casa
Minha Vida. A informação é parte da delação premiada de Lindoberto Silva de
Castro.
O delator, segundo investigação e testemunho do delegado
federal Janderlyer Gomes de Lima à 11ª Vara Federal de Fortaleza, é um dos
líderes de um “consórcio” de pelo menos cinco quadrilhas do Ceará que atuavam
no tráfico de maconha, cocaína, crack e armas. Mercadorias compradas,
principalmente, na Bolívia e no Paraguai, que movimentavam milhões em São
Paulo, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Portugal e Itália.
Segundo Lindoberto de Castro, a lavagem do dinheiro do
tráfico passava também pelos serviços de uma construtora que pertencia a outro
traficante investigado na Operação Cardume. Sem detalhar, o preso afirmou que a
empresa era responsável pelo fornecimento de cimento para o Minha Casa Minha
Vida.
Na delação, Lindoberto revela que adquiriu, com o dinheiro do
tráfico, pelo menos “20 veículos entre carros. Porém, teria perdido após sua
prisão em 2012”. Dois deles, um Corola e um Ethios, teriam sido negociados para
pagar a dívida da compra de “uma carreta”.
Na época do acordo de colaboração, novembro do ano passado,
ele afirmou que também tinha uma Hilux, que se encontra apreendida, uma casa no
município de Mangabeira (RN) e um sítio em Currais Novos (RN).
Em Pacajus, na Região Metropolitana de Fortaleza, Lindoberto
de Castro disse que também era dono de um viveiro de peixes. “Seria a atual e
única fonte de rendado colaborador”, está escrito na delação.
25 de Março
Um outro traficante, responsável pelo transporte de de droga
da rota Paraguai-São Paulo-Fortaleza, seria dono de “alguns comércios na
avenida 25 de Março, em São Paulo. Bem como algumas lojas no Beco da Poeira”,
em Fortaleza. Além de “alguns imóveis” nas capitais paulista e cearense. No
município de Itaitinga (CE), o criminoso seria dono de um supermercado.
O delator fez a revelação e garantiu à Polícia Federal e ao
Ministério Público saber “informar o local exato, em Itaitinga, onde eram
entregues a droga e o armamento recebido de São Paulo”. Na última terça-feira,
19, o delegado Janderlyer Lima confirmou, em depoimento na 11ª Vara Federal de
Fortaleza, que a delação de Lindoberto de Castro contribuiu com a fase final da
Operação Cardume.
Fonte: O Povo
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