sábado, 2 de julho de 2016

AÇUDE PAULO SARASATE ESTÁ PRATICAMENTE VAZIO

Há 15 anos, o agricultor Francisco Carlos Farias de Sousa deixou Itapajé, onde nasceu, em busca de uma vida melhor com a família. A experiência com o trabalho no campo o fez largar o plantio de legumes e investir em frutas. O cultivo de bananas se destacava, naquela época, no município de Varjota, e continuou ajudando a alimentar a família do agricultor, até que a estiagem dos últimos anos, mudou drasticamente a realidade de quem sobrevive do que a terra produz.

Êxodo

Sem chuvas suficientes, o nível do Açude Paulo Sarasate (Araras), que tem capacidade máxima de 1 bi de m³, caiu para 5%, atingindo as grandes e pequenas áreas de cultivo. No início deste ano, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) suspendeu por completo o fornecimento de água para irrigação, priorizando o consumo humano, o que causou um grande êxodo de pequenos produtores que têm abandonado as áreas de plantio, não apenas no Perímetro Irrigado Araras Norte, mas em toda a região, em busca de oportunidades.

Francisco Carlos é um deles. O agricultor está de partida, nos próximos dias, para o Piauí, em busca de trabalho. "Aqui não sobrou mais nada. Eu estou indo plantar banana e mamão em outro Estado porque o cultivo que dependia do Araras não existe mais. Eu vou na frente e a família vai depois, quando a situação melhorar por lá. No ano que vem, se o inverno for bom, eu retomo o plantio", afirmou.

A maioria das áreas, que antes eram ocupadas pelas águas do açude, hoje serve de pastagem para os animais, e o pouco volume que resta ainda abastece algumas cidades da região. Ao todo, sete municípios dependem diretamente do Açude. A preocupação é que, a partir deste segundo semestre, o reservatório chegue ao seu volume morto, e o consumo humano também seja comprometido.

Além da pouca água, o abastecimento ainda sofre com o desperdício gerado pelos constantes vazamentos em diversos trechos da adutora de engate rápido que leva água a Crateús. Mesmo com a precariedade, a obra, construída em 2014, orçada em cerca de R$ 80 mi, ainda serve para aplacar a sede das pequenas localidades, ao longo do percurso, mas não ajuda no que diz respeito à manutenção de qualquer tipo de produção, nem mesmo de subsistência.

Na Zona Rural, a ação do carro-pipa tem sido constante, além da escavação, com sistemas de abastecimento simplificado e dessalinizador. "Já licitamos a construção de mais dez poços, até porque, alguns dos que já foram construídos não renderam água de qualidade. Os prejuízos para o Município têm sido grandes", ressaltou Raimundo Gomes Filho, secretário de Recursos Hídricos de Varjota.

Maria Mendonça Furtado, moradora da sede, diz que vez ou outra há a falta de água nas torneiras. A dona de casa deixou para trás um pequeno lote na localidade de Angelim por não ter como manter a produção.

"Os carros-pipas fazem esta cobertura. O Comitê de Bacias do Baixo Acaraú tem se reunido para deliberar ações. Pelo menos na cidade, ainda dá para aguentar até o próximo inverno", garantiu o secretário.


Fonte: Diário do Nordeste

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