quarta-feira, 8 de abril de 2015

MAIS DE 68% DOS CONSUMIDORES ESTÃO ENDIVIDADOS

Impactada por fatores como o aumento dos preços de itens básicos, a taxa de inadimplência entre os fortalezenses cresceu neste mês e atingiu o maior patamar desde abril do ano passado. Da mesma forma, o comprometimento da renda familiar e o número de pessoas endividadas também registraram alta, de acordo com o Perfil de Endividamento do Consumidor de Fortaleza, divulgado ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE).

Conforme o levantamento, 6,5% dos consumidores da Capital estão em situação de inadimplência. É considerado inadimplente pela pesquisa quem está com contas em atraso por não ter condições de pagar e não tem previsão de quando poderá quitar os débitos. A taxa de abril supera em 0,7 ponto percentual o índice de março, que foi de 5,8%.

O estudo também mostra que os consumidores com dívidas em atraso, mas que preveem realizar o pagamento no curto prazo, somam 18,5% dos fortalezenses. A taxa foi a maior registrada neste ano, ficando abaixo do índice de 19,2% apresentado em dezembro último.

Por sua vez, os consumidores com algum tipo de dívida - ainda que em dia - somam 68,6% do total. Em relação a março deste ano, o índice permaneceu estável, mas continuou sendo o maior percentual registrado desde abril último.

Renda comprometida

Outro índice que superou os números dos últimos 12 meses foi o comprometimento da renda familiar, que atingiu 31,8%. O segundo maior percentual registrado nesse intervalo foi apontado em novembro do ano passado, com 31,3%.

Para o presidente da Fecomércio-CE, Luiz Gastão Bittencourt, o aumento no preço de itens básicos foi o principal responsável para o crescimento nas taxas de endividamento dos fortalezenses. "Esse é o efeito retardado de uma coisa que já aconteceu. Por exemplo, o consumidor sente primeiro o aumento nos postos (de gasolina), mas, num segundo momento, sente isso no preço da mercadoria, por conta do aumento do custo da produção", afirma, referindo-se à elevação do preço do combustível.

Para Bittencourt, a tendência, para os próximos meses, é que o consumidor consiga reduzir o comprometimento da renda e tornar-se menos endividado. "Acredito que o pior já passou e que a gente deve ter uma estabilização ou um ligeiro crescimento das vendas", projeta.

Alimentação pesou mais

Conforme a pesquisa divulgada ontem pela Fecomércio-CE, produtos ligados à alimentação foram o principal item adquirido a prazo pelos fortalezenses. Em seguida, estiveram vestuário, eletrodomésticos e eletrônicos. Entre os endividados com atrasos, 36,9% possuem dívidas cujo pagamento venceu até 30 dias atrás. Já aqueles que possuem dívidas com mais de 90 dias de atraso somam 36,6% do total. Os débitos ainda não pagos entre 31 e 60 dias após o vencimento são 17,2%, enquanto 9,3% têm atraso de 61 a 90 dias.

Causas

O principal motivo apontado pelos fortalezenses para estar com dívidas em atraso foi o desequilíbrio financeiro, com 71,2% do total. Outras razões foram o adiamento do pagamento, para aplicar os recursos disponíveis em outras finalidades (21,6%) e esquecimento (4,8%). Outros 4% afirmaram estar contestando as dívidas. As causas principais para o desequilíbrio financeiro foram a ausência de orçamento e as compras por impulso.

A maior fatia dos endividados (26,2%) possui débitos entre R$ 501 e R$ 1.000. Já 19,7% dos consumidores têm dívidas de até R$ 500, enquanto os débitos de mais de R$ 5.000 se referem a 15,9% do total.

O levantamento mostra ainda como os consumidores tentam controlar os gastos mensais. A maior parte (80,8%) afirma fazer orçamento e controle eficaz de rendimentos e gastos. Já 10,9% não fazem nem orçamento nem controle dos gastos, enquanto 8,3% dizem se planejar, mas não conseguir fazer efetivo controle dos custos.

Índice de Confiança do Consumidor cai em abril

Enquanto o nível de inadimplência dos fortalezenses alcançou o maior patamar nos últimos 12 meses, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) atingiu o menor dado no mesmo intervalo, de acordo com levantamento divulgado ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE).

Conforme a pesquisa, o índice deste mês é de 106,8 pontos. Em março último, a taxa foi de 115,2 pontos. O documento mostra que a faixa etária de 18 a 24 anos foi aquela com mais elevado índice neste mês: 121,7 pontos.

Apesar da queda do índice de confiança, o estudo aponta que 62,8% dos consumidores preveem que a situação financeira de suas famílias será boa ao longo dos próximos 12 meses. Outros 20,6%, porém, acreditam que o cenário será ruim, enquanto 2,7% consideram que estarão em situação péssima. Os que preveem uma condição ótima são 13,8% do total.

Quanto às expectativas para a situação econômica do País, entretanto, a maioria (53,3%) acredita que o Brasil viverá um momento ruim nos próximos 12 meses. Um cenário péssimo é previsto por 11,2% dos consumidores, enquanto 32,2% consideram que o período será bom e 3,3% apostam em uma situação ótima para o Brasil.

Já para os próximos cinco anos, as previsões são mais otimistas, com 43% dos entrevistados apostando em uma situação boa, enquanto 4,9% acreditam em um cenário ótimo. Já 39,9% dos consumidores projetam situação ruim, e outros 12,2% preveem um cenário péssimo.

Principais itens

Entre os principais itens que os fortalezenses pretendem comprar neste mês estão vestuário, celular, televisão, geladeira, máquina de lavar roupas, móveis, calçados e fogão.

Do total de consumidores da Capital, 75,8% têm a intenção de comprar até R$ 250 no próximo mês. Já 3,2% preveem adquirir produtos entre R$ 251 e R$ 499. As compras entre R$ 500 e R$ 1.000 são planejadas por 6,5% dos fortalezenses. Os 14,4% restantes preveem compras de mais de R$ 1.000. (JM)


Diário do Nordeste - João Moura Repórter

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