quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

IGUATU: PREJUÍZO DOS PRODUTORES EM CULTIVO DE BANANAS CHEGA A R$ 7 MILHÕES

Iguatu. O prejuízo causado por uma forte ventania que destruiu áreas de produção de banana da variedade Pacovan, na zona rural deste município, no último dia 30, foi reavaliado na manhã de ontem e mostra um drama ainda maior do que se estimava inicialmente. Foram afetados 285 hectares e 120 produtores, causando uma perda de mais de R$ 7 milhões. O drama dos agricultores familiares traz preocupação mediante a perda de renda e de trabalho no bananal.

Os pequenos produtores estão preocupados, tristes e apelam para que os bancos favoreçam a concessão de financiamentos para o custeio de um novo plantio.

É preciso cortar as plantas destruídas, preparar o solo e fazer replantio de novos filhos para que possibilite a safra a partir de novembro deste ano. O prejuízo é de R$ 25 mil por hectare, mas os agricultores solicitam apenas empréstimo de R$ 10 mil.

O presidente da Associação dos Fruticultores de Iguatu, Murilo Barroso, disse que a região de Quixoá foi a mais prejudicada, pois reúne um maior número de produtores. "O que aconteceu foi uma calamidade e os agricultores estão desesperados", frisou. Barroso disse que não há exageros nos números. "A conta é simples: cada hectare produz 25 toneladas de banana por ano e foram destruídos 285 hectares, totalizando 7.125 toneladas (a safra que seria colhida). O quilo dá fruta é vendido por um real, logo o prejuízo é superior a sete milhões de reais".

O município de Iguatu é um dos maiores produtores de banana do Estado. O cultivo é realizado em uma área estimada em 700 hectares, nas várzeas do Rio Jaguaribe e em outras regiões. A maioria do plantio é da variedade nanica (casca verde) que não foi afetada pelos ventos fortes, pois possui estrutura baixa e tronco grosso. O quilo da nanica é vendido por apenas R$ 0,20 e o consumo é direcionado para as indústrias de doces.

A destruição ocorreu nas áreas de cultivo da variedade Pacovan, que apresenta pés elevados, em torno de sete metros, e troncos finos. É a banana de casca amarela, preferida pelos consumidores, ideal para a mesa.

Preocupação

O prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara, mostrou-se preocupado com a situação e solicitou do Banco do Nordeste e do Banco do Brasil a visita dos superintendentes. "Queremos que eles conheçam de perto o drama vivenciado pelos produtores rurais e possam apressar a liberação de financiamento para custeio", frisou. Na manhã de ontem um grupo de produtores esteve reunido com o prefeito, secretária de Agricultura, representantes da Ematerce, da Coiguatu e do Sebrae para avaliar a situação. Ficou decidido que será feito um levantamento técnico das áreas com fotos e filmagem, com pontos georreferenciados.

Alguns produtores acreditam que há um corredor que facilita a propagação de ventos nas localidades de Quixoá e Cardoso, nas duas margens do Rio Jaguaribe. O bananal fica nas várzeas do rio. Fenômenos semelhantes já ocorreram em janeiro de 2009 e em dezembro de 2013, mas com menor intensidade de destruição. O agrônomo Paulo Maciel chamou a atenção para a necessidade de adoção de práticas ecológicas, de plantio sustentável. "É preciso adotar medidas preventivas", disse. "Os desastres naturais vão continuar cada vez mais intensos". O representante do Sebrae, Tales Oliveira, disse que os bananicultores precisam se organizar para colher informações técnicas, adoção de modelos modernos de produção, como redução de custos. "A gente não pode se reunir apenas nos momentos de tragédia, de perda generalizada", argumentou.

Cada produtor de um lado e outro do Rio Jaguaribe tem um drama comum e uma dor a relatar. Os mais afetados são os pequenos, mas há meia dúzia de médios agricultores que amargam maiores prejuízos.

"Estava rico e fiquei pobre da noite para o dia", disse Francisco Lopes, que perdeu mais de 80% do plantio em uma área estimada em 10 hectares. O maior deles é Armando Souza (Maninho) que cultiva banana pacovan há mais de duas décadas, numa área de 18 hectares. Somente o prejuízo dele é estimado em mais de R$ 200 mil.

O agricultor José Rodrigues Neto produz um hectare e meio de banana. "Perdi quase tudo, um hectare foi abaixo, destruído pelo vento", contou. A agricultora Maria Iza de Carvalho Menezes e os dois filhos, Wesley e Wêber, vivem da produção de banana há mais de 20 anos, numa área de um hectare. "A renda da nossa família vem dessas bananeiras", disse a mãe dos jovens agricultores. "O nosso prejuízo é de mais de dez mil reais".

Mais informações:
Escritório da Ematerce em Iguatu
(88) 3581. 9478
Secretaria de Agricultura do Município
(88) 3581. 6527


DIÁRIO DO NORDESTE - Honório Barbosa Colaborador

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