terça-feira, 1 de abril de 2014

Chuvas ficam 40% abaixo da média histórica em março

Nos próximos três meses, abril, maio e junho, a previsão de chuvas para todo o Estado do Ceará terá maior probabilidade de ser abaixo da média histórica, principalmente na região Centro-Sul. O cenário deste novo prognóstico para o próximo trimestre só modifica na região Norte, na faixa litorânea e Serra da Ibiapaba, por exemplo, com condições favoráveis de precipitações em torno da média.

A informação é da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) que divulgou o novo prognóstico das chuvas no Ceará durante reunião do Comitê Integrado de Combate à Seca no Ceará, na manhã de ontem, na sede do Corpo de Bombeiros do Estado.

De acordo com a meteorologista Meyre Sakamoto, os meses de janeiro, fevereiro e março deste ano tiveram também média abaixo da esperada pela Fundação, com menos 52%, em janeiro, menos 27% em fevereiro e menos 40% em março.

Segundo Sakamoto, no primeiro trimestre deste ano o Sertão Central registrou a menor média pluviométrica do Estado do Ceará, enquanto que a região com maior registro de precipitações foi no Sul do Estado.

Cenário

"Não fechamos ainda o mês de março, mas percebemos que nos últimos dias houve uma melhora no cenário. Inclusive, o cenário dos últimos dias de março deste ano, comparado a 2012, está bem melhor. E há previsão das chuvas continuarem até meados dessa semana, com chuvas mais regulares em todo o Estado", explica.

Este é o terceiro prognóstico que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos divulga revelado irregularidades nas chuvas em todo o Estado do Ceará. A meteorologista do órgão destaca que, se comparados ao ano de 2013, os números revelam que o cenário não mudou, com precipitações registradas abaixo da média.

Segundo Meyre Sakamoto, diante dos prognósticos apresentados, é necessário que os demais órgãos competentes fiquem atentos ao fenômeno El Niño. "Ele não se apresentou nos últimos anos, mas os modelos apresentados para o Oceano Pacífico tem apontando uma tendência preocupante para o surgimento o fenômeno do El Niño. É uma tendência que vem se mostrando, inclusive com probabilidade dele ocorrer este ano. Por isso, acho que o comitê deveria se reunir e pensar sobre isso".

Os fenômenos El Niño são alterações significativas de curta duração, que duram de 12 a 18 meses, na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico, com profundos efeitos no clima. O fenômeno esquenta as águas do pacífico e pode diminuir ainda mais as chances de precipitação no Estado do Ceará, no ano de 2015.

Situação dos açudes

Ainda durante a reunião do Comitê Integrado de Combate à Seca no Ceará, a Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) fez uma exposição sobre a atual situação de abastecimento nas sedes dos municípios e também da recarga dos açudes que abastecem as cidades cearenses.

De acordo com Gianni Lima, assistente da Diretoria de Operações da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos, o cenário atual demonstra que existem oito municípios em situação muito críticas, tais os municípios de Crateús, Canindé, Potiretama, Nova Russas.

"Esses lugares estão com problemas em seus açudes e por isso, não haverá tempo de garantir que o reservatório encha até o fim do ano, com risco de colapso. Por isso, nessas cidades foram garantidas obras com a construção de adutoras de montagem rápida, as AMRs, cuja construção tem o prazo de 60 a 120 dias, dependendo da cidade".

Ação emergencial

Gianni Lima explica que atualmente o Estado do Ceará possui 34 localidades que serão beneficiadas com solução de abastecimento emergencial sendo executada ou programada para ser realizada. Desse total 22 localidades, cuja situação de abastecimento requer uma solução emergencial para resolver o colapso por falta de água, já foram beneficiadas com a construção das adutoras de montagem rápida. Já as 12 restantes, consideradas mais amenas, receberão o equipamento no prazo de 60 a 120 dias.

"Essas adutoras de montagem rápidas são obras ousadas que começaram com pequenas distâncias de até 26 quilômetros na primeira e segunda fase, pois era o recomendável à época. Agora, estamos na terceira fase e vimos a adutora de Crateús com 170 quilômetros que liga a cidade ao açude Araras, na cidade de Nova Russas. Lembrando que até hoje a maior adutora convencional do Estado está em Salitre e demorou mais de um ano, enquanto as AMRs podem ser construídas em até 120 dias", diz.


Fonte: Diário do Nordeste

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