A Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) abriu ontem audiência pública para incluir nas tarifas de
energia um aumento de 4,6% que corresponde ao pagamento, em 2014, dos programas sócias do governo, como o Luz para Todos e Tarifa Social, voltados para a
população de baixa renda.
A Aneel decidiu que não irá
incluir na tarifa dos consumidores deste ano as despesas feitas em 2013 com uso
de termelétricas. De acordo com relatório da própria agência esses gastos
fecharam 2013 em aproximadamente R$ 10 bilhões.
Especialistas estimam um reajuste
de 10% sobre as tarifas para compensar o uso das térmicas. O presidente da
Câmara Setorial de Energia Eólica do Ceará, Adão Linhares, diz que a conta
acabará no bolso do brasileiro. “O consumidor hoje está pagando menos, mas o
contribuinte está pagando mais. Se não vem numa conta, virá na outra”, frisa.
Racionamento
Na visão de Linhares, o governo
está dando um antitérmico para tirar a febre, mas falta um antibiótico para
curar o problema. “É um atropelo de decisões sem planejamento”, observa. Ele
cita que, em 2001, os brasileiros aprenderam com o racionamento, mas hoje a
população vive um cenário “previsível”.
“Percebe-se a alteração do clima (calor), que
se estende por mais horas no dia e que, consequentemente, faz a sociedade
gastar mais energia com ventiladores e ar condicionados”, ressalta.
O uso da térmica, nas palavras de
Linhares, deveria ser utilizado como como um seguro. “E a atenção maior deveria
ser dada as hidrelétricas e fontes eólicas”, diz.
O consultor para a área de energia
da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, também
observa que o governo afasta a oportunidade de racionamento por “temer que a
sociedade interprete mal a iniciativa”.
“O governo prefere assumir os
custos com os recursos dos tesouros, mas quem paga é a gente”, comenta. Os
gastos com a térmica são muito altos e ainda ajuda a poluir o ambiente, na
opinião do executivo. “O racionamento deveria ser uma medida obrigatória”,
enfatiza. (com Folhapress)
Saiba mais
Ano passado, por causa da forte
seca e baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, o uso de térmicas ficou
acima da média dos últimos anos.
As distribuidoras de energia
então ganharam o direito de repor esses R$ 10 bilhões de forma parcelada, ao
longo de cinco anos, conforme definição do governo.A ideia do governo, que
assumiu os gastos, era fazer com que as distribuidoras não tivessem de
desembolsar quantias tão altas, elevando as tarifas.
A Aneel não descarta a
possibilidade de o governo optar por esticar o prazo de pagamento ou até
isentar o consumidor.
O Povo Online
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